Eu x Nós

Nunca gostei de lidar com pessoas individualistas do tipo “quando eu fiz isso”, “a minha ideia é a seguinte”, pois aprendi que ninguém faz nada sozinho, que precisamos uns dos outros.

Não é que eu não acredite no trabalho intelectual individual, mas que acredito muito mais na colaboração nos ambientes corporativos/profissionais  – são tantas especialidades andando juntas que é difícil determinar que uma única pessoa criou algo. No entanto nesses ambientes a maioria se refere mais a “eu fiz isso” do que “nós fizemos isso”. Sinto falta das referências, de ouvir as pessoas dizerem que descobriram ou chegaram em conclusões a partir do que foi discutido em grupo, ou do que foi consumido da produção de terceiros. Parece que se contar – o que todos já sabem – que não foi você que inventou aquilo sozinho, você será menos importante. É engraçado, porque não há nada de novo nisso, tudo é um remix de outra coisa: porque não aceitar e aproveitar o máximo da colaboração?

Claro, hoje percebo alguns motivos pra esse comportamento ser tão comum:

  • Existe o desejo de ter um papel significativo no mundo;
  • Ser o “criador” significa estar em um status superior aos demais, e pode te trazer uma vida melhor e mais confortável.

THE TIMES ARE A-CHANGIN’
Recentemente participei de um treinamento com o pessoal da Artifact na globo.com. Tudo estava incrível, e algo que reparei é que eles são muito cúmplices uns dos outros, as conclusões quase sempre terminavam em “E eu descobri isso com Fulano” e também “Quem sabe tudo sobre esse assunto é Ciclano. Leiam o livro dele!”. Isso é  muito legal porque cria um senso de comunidade, de que ninguém está sozinho e de que podemos contar uns com os outros para concluir algo mais significativo do que se estivéssemos sozinhos. É incrível como os americanos parecem estar mais adiantados nisso do que a gente.

Listen. Share. Adapt. Repeat.

Uma das empresas que valida e reforça esse comportamento é a IDEO. Quando um projeto começa, parte-se do princípio que você vai precisar de ajuda, e algo muito legal é que as ideias devem sempre ser continuadas a partir do que alguém sugeriu anteriormente, incentivando o trabalho em equipe. Além disso, lá um dos atributos para a contratação de novos funcionários é medir a quantidade de uso das palavras “eu” x “nós”. Tenho visto também casos como a forma como diretores de grande agências têm dado entrevistas falando sempre no plural “nós”.

Outro exemplo que eu adoro, é o Hit Record, um projeto de criação audiovisual colaborativa criado pelo Joseph Gordon-Levitt. Sim, o papel principal é dele, mas todos ganham o seu espaço e reconhecimento.

Não sei o que está certo ou errado, mas sei que juntas as pessoas produzem mais e melhor!

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